A PESSOA DE MARIA DE NAZARÉ
Hoje, mais do que nunca, nós,
cristãos, necessitamos conhecer e contemplar a pessoa de Maria de Nazaré, seu
mistério, seu contexto, seus pais e o desenvolvimento de sua existência dentro
da história da salvação. O estudo mariano é uma prática imprescindível e muito
útil.
Maria de Nazaré existiu de fato. Ela
viveu entre nós há dois mil anos atrás, num pequeno país do Oriente Médio, na
Ásia (Lc 1,26-38). Teve uma família humana. Seu nome fazia parte da cultura de
seu povo. Sua importância está, profundamente, ligada à sua missão na história
da salvação.
Para estudar a figura de Maria de
Nazaré, nós recorremos a documentos da época, aos textos da Bíblia, aos livros
de Teologia e às informações das ciências humanas. Os mariólogos e estudiosos
atuais têm dedicado seu tempo nas pesquisas e reflexões em torno deste tema,
com muita acuidade, desvelo e primor. As editoras católicas têm publicado
interessantes resultados desses estudos marianos.
MARIA
NA BÍBLIA
Na Bíblia, várias mulheres, que
tiveram um papel especial na história do povo de Deus, trazem o nome de Maria.
No Antigo Testamento, há uma mulher chamada Maria, que é irmã de Moisés e Aarão
(Ex 15,20-21).
No Novo Testamento, encontramos Maria
de Betânia, irmã de Marta e de Lázaro (Lc 10,38-42), Maria Madalena (Lc 8, 2)
Maria, mãe de Tiago e de José (Mt 27,56) e Maria, mãe de João, de sobrenome
Marcos (At 12,12). São Paulo também menciona outra Maria, uma cristã de Roma
(Rm 16,6).
Desempenhando uma missão especial na
história do povo de Deus, temos Maria, a Mãe de Jesus Cristo, o nosso Salvador
(Lc 1-2). A mais antiga menção dela está na Carta de São Paulo aos Gálatas (Gl
4,4).
PALESTINA
A Mãe de Jesus viveu na Palestina,
pequena faixa de terra, situada na Ásia. Sua área era de 20 mil km2, com 240 km
de comprimento e o máximo de 85 km de largura. O tamanho de seu território
corresponderia aproximadamente ao tamanho do nosso Estado do Sergipe.
Do lado oeste da Palestina,
encontra-se o mar Mediterrâneo. A leste, cortando seu território, há o rio
Jordão. Esse rio deságua no mar Morto, que fica 426 abaixo do nível do mar e
contém 25 % de sal em sua água. Há dois lagos: Heron (ou Hule) e Tiberíades (ou
Genesaré).
A Palestina é dividida de alto a
baixo por uma cadeia de montanhas que muito influencia no seu clima. No lado
oeste, o vento frio do mar, ao chocar-se com a parte montanhosa, provoca chuvas
frequentes, beneficiando toda a faixa costeira. A parte leste das montanhas,
porém, não recebe o vento do mar e, consequentemente, apresenta clima quente e
região mais árida.
As
terras cultiváveis estão na parte norte da Palestina, na região da Galiléia e
no vale do rio Jordão. A região da Judéia é montanhosa e se presta mais como
pasto de rebanhos e cultivo de oliveira.
OS
PAIS DE MARIA
A tradição da Igreja afirma que os
pais de Maria se chamavam Joaquim e Ana. Não há notícia deles nas Sagradas
Escrituras, mas em um livro venerável do século II: Proto-Evangelho de São
Tiago.
O nome “Joaquim” é hebraico,
“Yôakim”, que significa “Deus eleva”. São Joaquim teve uma educação
profundamente piedosa. Era comerciante e proprietário de terras em Nazaré e
Jerusalém. Procedia de Séforis. Era homem temente e servidor de Deus.
O nome “Ana” é também hebraico,
“Hannah”, que significa “graciosa”. Santa Ana era mulher piedosa e bastante
serviçal. Descendeu, pelo pai, de Eliud, da Tribo de Levi; e pela mãe, Esméria,
da Tribo de Benjamim. Guardava grande fé e confiança em Deus.
São Joaquim e Santa constituíam um
casal distinto, mas viviam tristes e humilhados porque não tinham filhos. Eram
estéreis. Rezavam confiantes para que Deus suscitasse para eles uma
descendência.
Joaquim retirou-se para deserto a fim
de rezar, onde permaneceu 40 dias em jejum e oração. Um anjo apareceu-lhe e
comunicou-lhe que ele teria filha. Também sua esposa recebeu a mesma mensagem
do anjo. De fato, tiveram uma filha, para qual deram o nome de Maria.
A
FILHA DE JOAQUIM E ANA
Na Bíblia, a filha de Joaquim e Ana
aparece como uma mulher simples do povo, que habitava em Nazaré, um povoado
pequeno da Galiléia, situada ao norte de Palestina (Lc 1,26). Era esposa de
José, carpinteiro justo e honrado (Mt 1,18-25). Pessoa de fé, era muito
sensível às necessidades dos outros (Lc 1,39-45.56).
Maria foi escolhida pelo Pai do Céu
para ser a mãe do Salvador
Maria foi escolhida pelo Pai do Céu
para ser a mãe do Salvador (Lc 1,30-33; Gl 4,4). Movida pelo Espírito Santo,
ela entregou-se totalmente ao projeto de Deus, vivendo sua vocação com
fidelidade. Aceitou, livremente, a proposta de Deus, dedicando-se à obra do
Filho de Deus (Lc 1,26-38).
Maria concebeu Jesus em Nazaré, da
Galiléia (Lc 1.26; Mt 1.1-25). Todavia, foi com José a Belém, em Judá, para o
recenseamento e lá deu à luz ao Messias (Mt 2,1-8). Na época própria, Maria e
José levaram o menino Jesus para ser apresentado no templo de Jerusalém,
cumprindo assim a lei judaica (Lc 1,21-38). O menino também foi circuncidado.
Em Belém, Maria e José presenciaram a vinda dos magos do Oriente, que vieram
visitar o Salvador (Mt 2,1-12).
PRESENÇA
NA VIDA DE JESUS.
Mais tarde, Maria e José fugiram com
Jesus para o Egito para escapar da perseguição do rei Herodes (Mt 2,13-18). Ali
ficaram certo tempo, retornando a Nazaré quando o rei Herodes morreu (Mt
2,19-23).
Em Nazaré, Maria e José cuidaram do
menino Jesus e o educaram bem, acompanhando sua formação humana e constituindo
com ele uma verdadeira família, cheia de amor e de compreensão (Lc 2,51-52).
Eles o levaram ao templo de Jerusalém, em peregrinação para a páscoa judaica,
quando ele tinha 12 anos (Lc 2,41-50).
Maria participou da vida de Jesus
Cristo, sendo sua mãe e, ao mesmo tempo, sua discípula (Mc 3,31-35). Sabia
guardar os mistérios da fé em seu coração (Lc 2,19.51). No início do ministério
público de Jesus, Maria esteve com Ele nas bodas de Cana, obtendo dele seu
primeiro milagre (Jo 2,1-12). Ela sempre soube ouvir a Palavra de Deus,
anunciada por Jesus, e vivenciá-la (Lc 11,27-28). Foi sua generosa companheira
e a humilde serva do Senhor, acompanhado os passos do Salvador com atenção, fé,
discrição e docilidade.
MULHER
FORTE E FIEL
Mesmo na paixão de Jesus, Maria esteve
junto à cruz, em pé, firme, quando o entregou ao Pai e foi dada por seu Filho
como Mãe dos Homens, na pessoa de João (Jo 19,25-27). Revelou-se como mulher
forte, conservando sua fidelidade de maneira constante, tanto nos momentos
alegres, como nos cruciais.
Jesus Cristo não permaneceu na morte,
mas ressuscitou e está vivo, junto do Pai do Céu, como testemunhou os primeiros
cristãos (Jo 20,1-29; Lc 24,1-43;Mc 16,9-20;Mt 28,1-10). Com toda a certeza,
Maria, peregrina na fé, acreditou na ressurreição de seu Filho.
Maria esteve presente com os
apóstolos e os discípulos no cenáculo de Jerusalém, perseverante e em oração,
por ocasião de Pentecostes (At 1,12-14). Pela tradição cristã, sabemos que foi
uma presença ativa, consciente e participativa na Igreja dos primeiros
cristãos. Tornou-se testemunho, apoio e fonte de orientação e de informação
para a comunidade cristã, a qual anunciava e vivenciava o Evangelho da
Salvação, tanto na Palestina, como em outros lugares.
Depois de cumprir sua missão na
terra, Maria foi assunta de corpo e alma ao céu. Está viva e ressuscitada,
participando da comunhão dos santos. Junto de Jesus, é capaz de interceder por
nós. Por isso, nós podemos dedicar nosso culto a Mãe de Deus e rezar a ela com
confiança.
SIGNIFICADO
DO NOME DE MARIA
Dentro da cultura da Bíblia, o nome
tem significado especial. Não só serve para distinguir uma pessoa de outra. De
certo modo descreve a identidade e a função da pessoa. O nome identifica-se com
a pessoa.
No Evangelho de Lucas está registrado
o nome da Mãe de Jesus, que será repetido com carinho pelas diversas gerações
cristãs. Pontua o evangelista: “O nome da Virgem era Maria” (Lc 1,27). Em
seguida, o mesmo nome é reiterado várias vezes (Lc 1,29.30.38.39.41.46.56).
Os estudiosos apontaram 60
explicações diferentes para o nome de Maria. Destacamos três raízes desse nome:
a primeira vem da língua egípcia, “Mryt”, que significa “muito amada”. A outra
vem do sírio, “Miryamu”, que tem sentido de “senhora”. E a terceira provém do
hebraico, “Miryam”, que tem várias conotações.
Dentre os sentidos da língua
hebraica, os estudiosos indicam: “mar amargo” (“Marjam”), “contumácia”
(“Marah”), “uma gota do mar (“Marar”), “Senhora de minha linhagem” (“Harah”),
“excelsa” (“Ram”), “iluminada” (“Hiphil), “amargura’ (“Marar”) e “augusta”
(“Mrym”). Ao pronunciar o nome de Maria, nós devemos honrá-lo e invocá-lo com
confiança e veneração.
Pe. Eugênio Antônio Bisinoto.
Catecismo de Nossa Senhora. Aparecida, Ed. Santuário, Academia Marial e Centro
de Pastoral Popular, 2000
1.
Pe. Ângelo Licati.
A caminho com Maria. Aparecida, Ed. Santuário, 2002
2.
Mons. José Lélio Mendes Ferrreira.
Maria: breve introdução à mariologia. Aparecida, Ed. Santuário, 1988
Fonte: http://www.a12.com/academia/artigos/a-pessoa-de-maria-de-nazare